quinta-feira, 19 de julho de 2012

Roteiro vencedor do concurso "Escola, Roteiro e Cinema"



LENDA DA COBRA GRANDE



Um roteiro de 
IVI SIBELI
DAIANE MONTEIRO
POLIANA
(nome da outra aluna)



CRUZEIRO DO SUL, ACRE, 30 DE ABRIL DE 2012.



OUTLINE
·         Cena 1
Externa; dia; casinha de madeira com cobertura de palha à beira do rio; Benilda, mulher morena, linda, cabelos negros, estatura mediana, 35 anos aproximadamente, roupas sujas e simples; Valdisnei, forte, bonito, alto, cabelos pretos, pele marcada pelo sol, roupas sujas e simples. Valdisnei está cuidando da terra, enquanto sua esposa Benilda está estendendo roupas no varal. Os três filhos do casal brincam na terra com galhos e areia.

Narrador: Diz a lenda que na cidade de Cruzeiro do Sul, morava um casal de agricultores, de nome Valdisnei e Benilda, em uma casinha pequena, simples, de madeira com a cobertura de palha, às margens do Rio Juruá. O casal tinha 3 filhos homens, mas possuíam um sonho: um dia ter uma filha.
·         Cena 2
Externa; noite; margens do rio Juruá; mata densa e fria do outro lado do rio; Valdisnei está tomando banho na beira do rio e Benilda está lavando roupa.

Narrador: Em uma noite de lua cheia, vento frio, onde só se ouviam o barulho das folhas das árvores balançando, o coaxar dos sapos e o som dos grilos, o casal foi tomar banho à beira do Rio Juruá, como costumava fazer, levando apenas uma Poronga para iluminar o caminho. Em meio às conversas sobre como tinha sido o dia de cada um e sobre os problemas que sempre tem que enfrentar, a mulher ouviu um barulho estranho e diferente, como algo se arrastando pelas folhas e indo em direção ao Rio.
BENILDA
O que foi isso? Que barulho foi esse? (O medo toma conta de Benilda)
VALDISNEI
Eu não sei, mas pode ser a Cobra Grande.
BENILDA
O que? Que história é essa, homem?
VALDISNEI
 Quando eu era garoto, meu avô me contou sobre uma cobra enorme, diferente de todas que existem, era grossa, com olhos brilhantes, uma boca grande e encantava suas presas somente pela cor de sua pele, a qual possuía desenhos diferentes, formas geométricas encantadoras e que chamavam a atenção de qualquer pessoa.
(imagens irão passando enquanto Valdisnei descreve a cobra grande)
Narrador: Enquanto sua esposa fica cada vez mais assustada, Valdisnei continua a história.
VALDISNEI
A cobra aparece sempre em épocas de cheias do Rio Juruá, principalmente em lua cheia, assim como está agora...
BENILDA
Chega! Essa história já está me assustando. Isso não é verdade! Pega as coisas, vamos pra casa. As crianças estão sozinhas.
(O casal volta pra casa)
·         Cena 3
Interna; dia; cozinha; Benilda está fazendo comida e Valdisnei chega correndo, gritando antes de entrar em casa, muito feliz.

Narrador: Passaram-se dois dias, o marido de Benilda voltou da roça muito feliz.
VALDISNEI
Benilda, Benilda!
BENILDA
O que foi homem de Deus?
VALDISNEI
O meu primo Francisco, conseguiu um trabalho pra mim como auxiliar de pedreiro na cidade. O salário é bom e vai dar uma ajudinha aqui em casa. Mas vou ter que passar 7 meses fora de casa.
Narrador: Benilda ficou um pouco preocupada por ter que ficar sozinha em casa por muito tempo, cuidando dos filhos e da casa. Além disso, lembrou-se da história que seu marido contou sobre a cobra grande, mas aceitou, pois a situação financeira não era muito boa e esse trabalho os ajudaria financeiramente. Então, ela aceitou.
·         Cena 4
Externa; dia; praia do Rio Juruá; Benilda está estendendo roupa.

Narrador: Três dias depois, Benilda começou a sentir alguns enjoos, desejos, mal estar e cansaço. Passou, então, a desconfiar que pudesse estar grávida. Ela, então, aproveitou que havia uma equipe médica atendendo os ribeirinhos e foi confirmar suas suspeitas. Benilda ficou muito feliz ao saber que estava esperando uma menina, a realização do seu sonho estava prestes a acontecer.  E com um sorriso estampado em seu rosto voltou para casa e não via a hora de contar a noticia para seu marido.
(Benilda se despede do médico com um aperto de mão e sai)
·         Cena 5
Externa; noite; Benilda sai com os filhos segurando vários baldes em direção à beira do rio Juruá para pegarem água.

Narrador: Cinco meses se passaram e Benilda sentia cada vez mais saudades de seu marido, mas sua condição financeira havia melhorado com o dinheiro que seu marido estava mandando todos os meses. Entretanto, aconteceu um imprevisto. Valdisnei pensou ter deixado água suficiente para sua esposa não precisar ir até o Rio Juruá, mas não foi o bastante. Dessa forma, Benilda teve que ir à noite, junto com seus três filhos até às margens do Rio Juruá buscar água. No momento em que estavam colocando a água nos baldes, Benilda avistou dois olhos brilhantes em meio à mata escura e o mesmo barulho ouvido meses atrás de algo se arrastando nas folhas, indo em direção ao rio. A criança que estava em seu ventre começou a se mexer, deixando Benilda ainda mais assustada.
(Benilda sai correndo desesperada, junto com seus filhos, mas o filho mais velho fica no local, um garoto magro, com uns 13 anos de idade, aproximadamente, cabelos enrolados, pretos, pele morena, bermuda simples).
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
Narrador: O filho mais velho de Benilda fica no local e avista a cobra grande do outro lado do rio com seus olhos brilhantes e hipnotizantes. O menino seguia em direção à beira do rio, quando ouviu o grito de sua mãe (Benilda grita o nome do filho: Joaquim!), que o tirou de tal encanto.
·         Cena 6
Externa; dia; vários vizinhos de Benilda reunidos, conversando.

(Os personagens fazem o que está sendo narrado)
Narrador: No dia seguinte, Benilda resolveu contar a seus vizinhos mais próximos o que havia acontecido naquela noite para que eles pudessem tomar cuidado ao sair à noite para o Rio Juruá. Seus vizinhos, porém, não acreditaram em tal história e começaram a achar que Benilda estava ficando louca.
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
Narrador: No entanto, nas épocas de cheias do Rio Juruá, pessoas começaram a desaparecer inexplicavelmente e a história de Benilda estava, cada vez mais, sendo levada a sério.
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
Narrador: A filha de Benilda, Luena, já havia nascido e crescia esbanjando saúde e alegria. Uma menina linda, forte, saudável, cabelos longos e negros como o da mãe, olhos redondos e magra, 10 anos de idade. Em certo dia, uma vizinha de Benilda, preocupada, com o desaparecimento de algumas pessoas daquele pequeno lugar, sugeriu a Benilda que fossem ver um senhor, um velho sábio, para que ela contasse o que realmente havia visto naquela noite e ele diria exatamente o que estava acontecendo. Meio receosa Benilda aceitou e as duas seguiram para a casinha do sábio.
·         Cena 7
Interna; casa de madeira, simples, com poucos móveis; um senhor de idade, com aproximadamente 70 anos, cabelos brancos, sentado em uma cadeira, fumando seu cachimbo; Benilda e sua vizinha se aproximam.
VELHO
Eu sei o que vocês estão fazendo aqui. Esse é o destino de sua filha, minha senhora.
BENILDA
Não entendi. Do que o senhor está falando?
VELHO
Somente sua filha pode livrar nosso povo dessa maldição. A cobra grande só poderá ser morta por sua filha. Ela deverá acertar um golpe na cabeça da cobra que será ferida mortalmente.
BENILDA
Jamais! O que acontece se ela não conseguir matar essa tal cobra? Lutei muito para ter minha filha comigo e agora não vou perdê-la. O senhor deve estar ficando louco!
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
Narrador: Assustada, Benilda sai correndo. Mas ela não podia imaginar o que estava para acontecer naquela mesma noite.
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
Era noite de lua cheia, vento frio e o que só se ouvia era o som das folhas das árvores balançando. O filho mais velho de Benilda foi tomar banho no rio, sozinho. De repente, ouve-se um forte barulho seguido de um grito do garoto, e de repente, ele desapareceu. Benilda fica arrasada ao saber do acontecido.
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
Alguns dias depois, uma vizinha de Luena, decidida a acabar com todas essas desaparições dos moradores daquele pequeno lugar, conta para a menina que somente ela pode destruir a cobra grande. Ao saber que poderia ter evitado a morte de seu irmão, Luena fica muito brava com sua mãe e resolve, naquela mesma noite, por um fim a toda aquela história, sem que seus pais soubessem.
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
A menina, então, atraiu a atenção da cobra e com um golpe certeiro conseguiu feri-la. O que todos não sabiam é que esse ato heroico teriam graves consequências. Ao matar a cobra grande, Luena se sacrificou para sempre, sendo atraída pelo animal para o fundo do rio Juruá e condenada a viver eternamente com a cobra, mas livrando toda a população ribeirinha e futuras gerações da maldição da cobra grande.
(Muda a cena – acontece o que está sendo narrado)
Hoje em dia, conta a lenda que a cobra grande e a menina Luena foram levadas pelas correntezas e com o crescimento urbano da cidade de Cruzeiro do Sul, onde as pessoas acabaram por mudar o percurso do Rio Juruá, ambas ficaram enterradas, permanecendo embaixo do antigo fórum Caio Valadares e quando ocorre um tremor de terra na cidade é o momento em que a cobra se manifesta mostrando que ainda está viva e que a qualquer momento pode despertar, à medida em que o rio volto ao seu antigo curso.